Alta dos preços foi impulsionada por fatores externos e internos; consumidores sentem impacto no bolso.
Os preços dos combustíveis subiram acima da inflação e do reajuste do ICMS em fevereiro, refletindo uma combinação de fatores que vão desde a cotação do petróleo no mercado internacional até a política de preços das refinarias no Brasil. O aumento foi sentido principalmente na gasolina e no diesel, impactando diretamente o custo do transporte e pressionando o orçamento dos consumidores.
ICMS foi reajustado, mas não explica toda a alta
Desde o início do ano, estados brasileiros elevaram a alíquota do ICMS sobre os combustíveis, como parte de um esforço para recompor a arrecadação. No entanto, os números mostram que o impacto do imposto, embora relevante, não foi o único responsável pelo aumento nas bombas.
A inflação oficial do período foi inferior ao reajuste dos combustíveis, indicando que outros fatores tiveram peso significativo na escalada de preços. Entre eles, destacam-se a valorização do petróleo no mercado internacional, a variação do dólar e a nova política de preços da Petrobras, que considera fatores como custo de importação e concorrência no setor.
Mercado internacional e câmbio pesam no preço final
A cotação do barril de petróleo voltou a subir em fevereiro, pressionada por cortes na produção promovidos pela OPEP+ e por tensões geopolíticas que afetam a oferta global. Como o Brasil ainda depende da importação de combustíveis para atender à demanda interna, os reflexos dessas oscilações chegam rapidamente ao mercado doméstico.
Além disso, a valorização do dólar frente ao real torna a importação de combustíveis mais cara, elevando os custos para distribuidoras e, consequentemente, para o consumidor final. Mesmo com um cenário de estabilidade em alguns momentos, o câmbio segue como um fator de risco para novos aumentos.
Impactos no bolso do consumidor e na economia
A alta dos combustíveis tem efeito cascata sobre a economia, elevando os custos do transporte de mercadorias e pressionando a inflação em diversos setores, como alimentos e serviços. Para motoristas de aplicativos, caminhoneiros e empresas de logística, o impacto é ainda mais direto, reduzindo margens de lucro e forçando repasses aos preços finais.
Especialistas alertam que, se a tendência de alta persistir, o Banco Central pode enfrentar mais dificuldades para reduzir a taxa Selic no ritmo esperado, o que afetaria o crédito e o consumo no país.
O que esperar para os próximos meses?
O comportamento dos preços dos combustíveis nos próximos meses dependerá de fatores externos, como a cotação do petróleo e do dólar, além das decisões da Petrobras sobre reajustes. Caso o barril de petróleo continue em alta e o real siga desvalorizado, novos aumentos não estão descartados.
Enquanto isso, consumidores e empresas precisam se preparar para um cenário de preços elevados no curto prazo, com impacto direto no custo de vida e na inflação geral da economia.