Medida pode elevar custos para economias emergentes e atingir exportações brasileiras.
O ex-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato republicano Donald Trump anunciou que, caso volte à Casa Branca, adotará um sistema de “tarifas recíprocas” no comércio exterior. A proposta prevê que os EUA imponham tarifas equivalentes às aplicadas por outros países sobre produtos americanos.
A medida pode prejudicar economias emergentes, como o Brasil, que hoje pagam menos para vender seus produtos no mercado americano. Trump argumenta que essa política protegeria a indústria dos EUA da concorrência estrangeira e ajudaria a reduzir o déficit comercial do país.
Como funciona a ‘tarifa recíproca’?
O conceito de tarifa recíproca se baseia no princípio de que os Estados Unidos devem taxar produtos importados na mesma proporção em que seus bens são taxados no exterior. Atualmente, os EUA mantêm acordos comerciais com diversos países, e as alíquotas de importação variam conforme cada negociação.
Se Trump implementar essa política, países que aplicam tarifas altas sobre produtos americanos sofreriam retaliação comercial, o que pode levar a um aumento no custo de exportação para o mercado dos EUA. Para o Brasil, que tem importantes relações comerciais com os americanos, o impacto pode ser significativo.
Quais setores brasileiros podem ser afetados?
Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Entre os produtos mais exportados estão:
- Agronegócio: Soja, café, carne bovina e suco de laranja estão entre os principais itens exportados para os EUA. Um aumento nas tarifas pode reduzir a competitividade desses produtos.
- Siderurgia e mineração: O Brasil é um dos maiores fornecedores de aço e alumínio para o mercado americano. Em seu primeiro mandato, Trump já impôs tarifas extras sobre o setor, e a política pode ser reforçada.
- Manufatura e tecnologia: Produtos industrializados, como autopeças e maquinário, também podem ser afetados, encarecendo exportações brasileiras para os EUA.
O impacto para o Brasil e a resposta do governo
Especialistas apontam que a política tarifária de Trump pode intensificar o protecionismo comercial e gerar instabilidade econômica para exportadores brasileiros. Se as tarifas subirem, produtos brasileiros perderão competitividade, abrindo espaço para concorrentes de outros mercados.
O governo brasileiro já acompanha as declarações do ex-presidente americano e deve buscar diálogo diplomático para minimizar impactos. O Itamaraty e o Ministério da Economia estudam estratégias para manter o fluxo comercial com os EUA, caso as tarifas sejam elevadas.
Outra preocupação é que medidas semelhantes possam ser adotadas por outros países, gerando um efeito cascata no comércio global. Se isso ocorrer, o Brasil pode ser forçado a renegociar acordos comerciais para manter suas exportações em níveis competitivos.
Tarifas recíprocas: protecionismo ou estratégia de negociação?
Trump tem um histórico de adotar políticas protecionistas para pressionar parceiros comerciais. Durante seu primeiro mandato, ele impôs tarifas sobre produtos chineses, canadenses e europeus, buscando renegociar termos comerciais mais favoráveis aos EUA.
A proposta das “tarifas recíprocas” segue a mesma lógica. Ao criar barreiras tarifárias, Trump busca aumentar o poder de barganha dos EUA em futuras negociações comerciais. No entanto, essa estratégia pode gerar retaliações e levar a um aumento generalizado dos custos para consumidores e empresas.
Se Trump for eleito, o Brasil precisará se preparar para um cenário de maior incerteza no comércio internacional. A diplomacia e a diversificação dos mercados de exportação podem ser caminhos para reduzir os efeitos dessa possível mudança na política econômica americana.