MBAs de Harvard em Xeque? Novos empreendedores questionam o valor tradicional de diplomas de elite frente à inovação e experiência prática.
A recente matéria publicada na Forbes sobre a mudança no cenário de empregabilidade para alunos de MBA de Harvard levanta um ponto crucial para reflexão sobre o papel das instituições de ensino de ponta no atual mercado global. Harvard, reconhecida mundialmente por formar líderes globais, enfrenta uma realidade que sinaliza não apenas mudanças econômicas, mas também transformações no perfil dos próprios alunos e nas expectativas de empregadores.
Estive em Harvard em outubro de 2024, onde tive a oportunidade de conversar com alunos, visitar incubadoras e acompanhar de perto o que poderia ser descrito como uma “revolução cultural” no mindset dos estudantes. O que presenciei reflete exatamente o que o artigo aponta: os alunos de Harvard não estão mais tão focados em garantir empregos em grandes corporações. Eles estão, cada vez mais, voltados para o empreendedorismo, a inovação e a criação de startups. Esse desejo por construir algo próprio demonstra uma mudança nas prioridades — um movimento de protagonismo, liberdade e busca por impacto.
É evidente que esse cenário impacta diretamente na dinâmica de empregabilidade. Empresas tradicionais, que por décadas competiam ferozmente por recém-formados da Ivy League, agora enfrentam um novo desafio: atrair indivíduos que não estão mais dispostos a seguir carreiras convencionais. Esses alunos preferem construir negócios próprios, em vez de se tornarem parte de estruturas corporativas rígidas.
Essa mudança, por mais que seja louvável pela demonstração de autonomia e inovação, traz implicações críticas que não podem ser ignoradas. Primeiro, há o risco de que muitos desses empreendimentos não sobrevivam ao longo prazo, considerando o índice elevado de mortalidade de startups. Segundo, para as grandes empresas, a dificuldade de atrair talentos de Harvard pode gerar um vácuo de liderança e expertise no mercado tradicional.
Durante as visitas às incubadoras e ao conversar com estudantes em Harvard, percebi que a mentalidade de “risco calculado” domina a visão de futuro dessa nova geração. Ao invés de buscarem estabilidade ou “garantias” no emprego, eles estão dispostos a enfrentar a incerteza do mercado para perseguirem suas paixões e ideias. É um reflexo da influência que os ecossistemas de inovação, como os do Vale do Silício, têm exercido sobre instituições como Harvard.
Outro ponto que merece destaque é o papel das escolas de negócios nesse contexto. Harvard, por exemplo, continua sendo uma referência global, mas talvez precise reavaliar suas estratégias de ensino para equilibrar o foco entre a promoção do empreendedorismo e o fortalecimento de carreiras corporativas. Afinal, não são todos os alunos que desejam abrir startups, mas essa mudança no perfil de uma parcela significativa pode acabar obscurecendo os caminhos alternativos.
Criticamente, embora a mudança de foco dos alunos de Harvard para o empreendedorismo seja estimulante e até inspiradora, ela traz consigo um desafio para a própria universidade e para o mercado como um todo. Garantir que tanto os futuros empreendedores quanto os líderes corporativos sejam preparados para um mundo em constante transformação será essencial para manter a relevância de instituições como Harvard e atender às demandas de um mercado que valoriza tanto a inovação quanto a estabilidade.
Portanto, a queda da garantia de emprego não é um sinal de perda de relevância de Harvard, mas sim uma evidência de que os tempos mudaram. O que está em jogo não é apenas a adaptação dos alunos, mas também das empresas e das próprias instituições de ensino. O mercado corporativo precisará se reinventar para atrair e reter os melhores talentos, enquanto as universidades precisarão encontrar um equilíbrio entre fomentar o empreendedorismo e garantir que seus alunos continuem sendo líderes em todos os setores — não apenas como fundadores, mas também como colaboradores essenciais em organizações de impacto global.
Fabrício Ribeiro, PhD h.c em Empreendedorismo pelo International Institute of Business Management & Research Technology, Doutor h.c em Administração de Empresas pela Logos University International, Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Goiás, com MBA em Gestão de Projetos pela USP (em andamento), MBA em Administração de Empresas e MBA em Gestão da Qualidade e Processos. Bacharel em Ciências Econômicas pela UniCV (andamento). CEO da Ribeiro Corporation, Fundador da Revista do Administrador, Conselheiro do CRA-GO e Diretor da ACIEG Jovem. Membro Associado da Harvard Alumni Entrepreneurs, Autor dos Livros: Seja o Administrador da sua História e Felicidade no Trabalho. Recebeu em 2024 uma Citation em Administração pela The Commonwealth of Massacusetts, Boston – USA. Foi também, Pesquisador Científico pela PUC GOIÁS e é Especialista em Felicidade Corporativa.
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