Empresas do setor imobiliário defendem a verticalização para revitalizar a região, enquanto moradores temem perda de identidade e adensamento urbano.
Uma disputa empresarial e urbanística em São Paulo promete reconfigurar o futuro dos bairros Jardins, conhecidos pelo alto padrão e baixa densidade populacional. Mansões desocupadas e imóveis subutilizados têm alimentado o debate sobre a possibilidade de flexibilizar as regras que impedem a construção de condomínios verticais na região.
Empresas do setor imobiliário pressionam pela revisão da legislação local, argumentando que a liberação de prédios traria investimentos e modernizaria a área. Hoje, os Jardins estão sujeitos a normas rígidas, que priorizam construções unifamiliares e limitam a exploração comercial. Essas restrições, segundo empresários, contribuem para o crescente número de propriedades abandonadas.
Associações de moradores, no entanto, resistem às mudanças. Para elas, a verticalização pode descaracterizar o bairro, aumentar o trânsito e comprometer o padrão de vida. Um estudo da Associação dos Amigos dos Jardins revelou que cerca de 10% das mansões estão vazias, reflexo de altas taxas de manutenção e dificuldades de venda.
No centro da controvérsia, está a disputa entre o potencial econômico e a preservação histórica. Incorporadoras estimam que, com novos empreendimentos, o metro quadrado nos Jardins poderia ultrapassar R$ 50 mil, gerando uma valorização sem precedentes. Já os moradores temem que a área se transforme em mais um ponto de adensamento urbano da cidade.
A decisão final dependerá de mudanças no Plano Diretor de São Paulo, que está em revisão e pode abrir espaço para flexibilizações. O setor empresarial segue otimista, enquanto os moradores organizam mobilizações para preservar as características exclusivas do bairro.