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Jean Paul Prates rompe o silêncio sobre saída da Petrobras.

Ex-presidente da estatal diz que enfrentou resistências internas e externas.

Jean Paul Prates, que comandou a Petrobras entre janeiro de 2023 e maio de 2024, afirmou que sua gestão foi marcada por um intenso desgaste político. Ele revelou que, nos meses que antecederam sua demissão, enfrentou pressões constantes, descrevendo o período como “meses de surra”. O ex-presidente da estatal destacou que a oposição não veio apenas de fora, mas também de dentro do próprio governo, o que tornou sua atuação ainda mais complexa.

Conflitos na Petrobras

Prates assumiu a presidência da Petrobras no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seu nome foi escolhido por ter um histórico técnico e político no setor de energia, além de experiência no Congresso. No entanto, sua administração logo começou a sofrer atritos, especialmente em relação à política de preços dos combustíveis.

Uma das principais mudanças promovidas por Prates foi o fim da Paridade de Preços de Importação (PPI), política que alinhava os preços internos dos combustíveis ao mercado internacional. A alteração tinha o objetivo de tornar os preços mais previsíveis e menos suscetíveis a oscilações externas. Apesar disso, a medida gerou descontentamento no mercado e em parte do governo, aumentando as tensões dentro da estatal.

Pressões internas e externas

A disputa entre Prates e membros do governo se intensificou ao longo dos meses. Ele enfrentou divergências com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que defendia maior influência do governo na condução da Petrobras. Além disso, setores do próprio Palácio do Planalto demonstravam insatisfação com sua condução da estatal, o que minou sua posição e levou à sua saída.

O ex-presidente da Petrobras ressalta que sua demissão não foi uma surpresa, mas sim o resultado de um processo de desgaste que já se arrastava havia meses. Segundo ele, a falta de alinhamento interno e as pressões políticas tornaram sua permanência no cargo insustentável.

Reflexões sobre o governo atual

Quase um ano após deixar a estatal, Prates observa que os desafios que enfrentou ainda persistem no governo. Ele aponta que casos semelhantes continuam ocorrendo, com disputas internas prejudicando a implementação de políticas públicas. Para ele, a falta de coesão dentro da administração federal pode comprometer projetos estratégicos e gerar instabilidade nas estatais.

Apesar das dificuldades, Prates avalia que sua gestão trouxe avanços importantes para a Petrobras. Ele acredita que as mudanças na política de preços e os investimentos em transição energética foram passos importantes para a empresa. No entanto, reconhece que o cenário político sempre será um fator determinante para o futuro da estatal.

O episódio de sua saída reforça como a Petrobras, sendo uma das maiores empresas do país, está sempre no centro das disputas políticas e econômicas. A estatal continua sendo um dos principais ativos estratégicos do Brasil, mas sua gestão depende diretamente do equilíbrio entre interesses do governo, do mercado e da sociedade.

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