O debate promovido pelo Mais Goiás com os candidatos à Prefeitura de Goiânia, realizado na quinta-feira (19), foi marcado por momentos de apresentação de propostas, trocas de acusações e tensão, refletindo as preocupações mais relevantes dos eleitores da capital. O evento, dividido em três blocos, reuniu os candidatos para discutir questões centrais que definirão a gestão nos próximos quatro anos, abordando temas como educação, saúde, trânsito, IPTU e a crise relacionada ao lixo. No entanto, o tom das discussões se intensificou no último bloco, quando houve confronto direto entre os candidatos.
Embora se esperasse a presença de todos os candidatos com representação no Congresso, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) não compareceu, cancelando sua participação na manhã do debate. Sua ausência foi destacada pelos outros concorrentes, que seguiram com o embate sem um dos principais candidatos.
Nos dois primeiros blocos do debate, os candidatos responderam a perguntas do mediador e de eleitores, focando em propostas para enfrentar os desafios de Goiânia. Os principais temas discutidos foram educação, saúde pública e o cálculo do IPTU.
Na área de educação, Fred Rodrigues (PL) criticou a infraestrutura das escolas e a atual administração, afirmando que “não é possível comemorar o primeiro lugar no Ideb quando Goiânia enfrenta problemas estruturais”. Ele prometeu valorizar os professores e melhorar as condições das escolas. O prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) respondeu, destacando que sua gestão levou Goiânia ao primeiro lugar no Ideb estadual, o que considera um grande avanço.
Adriana Accorsi (PT) defendeu a criação de um sistema de transporte público mais eficiente e uma gestão inteligente do trânsito, sugerindo a implementação de corredores preferenciais e semáforos inteligentes para melhorar o fluxo, ressaltando que a cidade tem “um dos trânsitos mais violentos do Brasil”.
Na saúde, Rogério Cruz mencionou a recuperação de 69 centros de saúde e a contratação de médicos, além de prometer a construção de um Hospital Municipal Psiquiátrico. Fred criticou a gestão, apontando o afastamento judicial do secretário de Saúde Wilson Pollara e enfatizando a necessidade de uma administração mais técnica para solucionar os problemas do setor.
O cálculo do IPTU também foi debatido, com Matheus Ribeiro (PSDB) afirmando que o imposto em Goiânia sofre de um “problema histórico” e propondo maior agilidade nos pedidos de revisão, além de programas como o IPTU Verde e o IPTU Social. Adriana Accorsi concordou com a necessidade de ajustes, mas Matheus aproveitou para criticar as antigas gestões petistas, citando falhas no mandato de Paulo Garcia (PT) em relação ao IPTU.
Trocas de acusações: “ministro taradão” e crise do lixo
Logo no início, Fred Rodrigues trouxe à tona a polêmica envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, referindo-se a ele como “ministro taradão”, em referência às denúncias de assédio sexual que levaram à sua demissão. Ele criticou Adriana Accorsi por não se posicionar sobre o caso, acusando-a de colocar o Partido dos Trabalhadores acima da defesa dos direitos das mulheres. Em sua defesa, Adriana ressaltou seu histórico parlamentar e destacou sua atuação constante na defesa dos direitos das mulheres.
Em outro momento, Matheus Ribeiro atacou o prefeito Rogério Cruz, dizendo que ele transformou “a cidade das flores” na “cidade do lixo”. Cruz defendeu sua administração, afirmando que, durante seu mandato, não houve crise no manejo de resíduos e que uma licitação foi realizada para terceirizar a coleta de lixo. Matheus ironizou, dizendo que o “próximo primeiro passo” esperado pela população seria a saída de Cruz do cargo, caso não fosse reeleito. O tucano também criticou a proposta do prefeito de construir um “monotrilho voador”, chamando-a de “mirabolante”. Adriana Accorsi entrou na discussão prometendo reorganizar a Comurg, empresa responsável pela coleta de lixo na cidade.
Último bloco: confronto direto e tensão elevada
No terceiro bloco, dedicado ao confronto direto entre os candidatos, as discussões ficaram mais acaloradas. O embate mais intenso ocorreu entre Fred Rodrigues e Sandro Mabel (União Brasil), com ambos trocando acusações severas. Fred afirmou que Mabel teria ligado para o prefeito Rogério Cruz pedindo que ele diminuísse as críticas à sua campanha. Quando questionado sobre o assunto, Cruz desconversou, dizendo que “jogava para ganhar”.
Sandro Mabel respondeu atacando Fred, mencionando que ele teria recebido uma “bolsa-político” após ser cassado na Assembleia Legislativa de Goiás. Fred rebateu, destacando seu trabalho como empreendedor e sua atuação na empresa familiar. Ele também revelou que, antes das convenções, teria sido convidado para ser vice na chapa de Mabel, insinuando incoerência nos ataques.
Esse confronto direto entre Mabel e Fred intensificou a tensão e evidenciou as rivalidades internas, tornando-se um dos momentos mais marcantes do debate. Ambos utilizaram o espaço não apenas para defender suas propostas, mas também para tentar desestabilizar o adversário, mostrando que a disputa pela prefeitura será acirrada.