A Americanas (AMER3) tem enfrentado um período conturbado desde a revelação de um rombo de R$ 43 bilhões em dívidas ocultas no início de 2023. A crise abalou o mercado, resultando na saída de diretores, desvalorização das ações e um processo de recuperação judicial desafiador.
Nos últimos pregões, as ações da companhia registraram uma alta surpreendente de mais de 200%. Apesar disso, as perdas acumuladas ainda são expressivas, com uma desvalorização de 95,91% em 2024, deixando o valor atual (R$ 9,52) muito distante do patamar pré-crise.
Os números por trás do desempenho
O movimento de alta começou após a divulgação do balanço do terceiro trimestre. A receita líquida foi de R$ 3,1 bilhões (+0,6%), o lucro bruto atingiu R$ 1,03 bilhão (+9,2%), e o EBITDA ajustado alcançou R$ 497 milhões. O destaque foi o lucro líquido de R$ 10 bilhões, impulsionado por fatores contábeis e acordos com credores:
Aumento de capital de R$ 24,5 bilhões com emissão de novas ações;
Estorno contábil de R$ 4 bilhões;
Redução da dívida bruta de R$ 45 bilhões para R$ 2 bilhões.
Esses ajustes reverteram o patrimônio líquido de -R$ 30 bilhões para R$ 6 bilhões, cumprindo etapas cruciais do processo de recuperação judicial.
Mercado ainda cauteloso
Apesar dos avanços, analistas apontam que a alta reflete mais um movimento especulativo do que uma recuperação sustentável. Fundos de investimento seguem afastados, e as ações têm atraído investidores de varejo interessados em ganhos rápidos, o que pode aumentar a volatilidade.
O cenário macroeconômico também representa desafios para a Americanas. Com juros elevados pressionando o consumo, a empresa precisará continuar ajustando sua operação e fortalecendo a confiança do mercado.
Conclusão
Embora esteja “estancando a crise” e cumprindo compromissos com credores, a Americanas ainda tem um longo caminho até uma recuperação sustentável. Investidores devem ter cautela ao avaliar ativos de empresas em recuperação judicial.