A decisão liminar também determina que Ronaldo Caiado e Sandro Mabel sejam declarados inelegíveis por um período de oito anos. A eleita vice-prefeita de Goiânia, Cláudia Lira (Avante), recebeu a mesma expressão. Todos os envolvidos ainda têm o direito de recorrer.
A política de Goiás foi sacudida por uma decisão judicial nesta quarta-feira (11), com possíveis repercussões nacionais. A Justiça Eleitoral condenou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) por abuso de poder político durante as eleições de 2024. A sentença determinou ainda a cassação do registro do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), e da vice-prefeita Cláudia Lira (Avante), além de torná-los inelegíveis por oito anos. Cabe recurso.
Contexto e Acusações
Caiado, que apoia Mabel, foi acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de utilizar a sede oficial do governo, o Palácio das Esmeraldas, para eventos políticos que beneficiaram a candidatura de seu aliado. Jantares promovidos em outubro reuniram vereadores eleitos e líderes políticos e, segundo a Justiça, envolveram o uso de recursos públicos como alimentos, bebidas e serviços de funcionários, violando as regras eleitorais. A ampla divulgação nas redes sociais dos eventos foi considerada agravante.
Outro ponto destacado foi a realização de ações sociais, como a distribuição de cestas básicas, durante o período eleitoral, interpretadas como tentativa de influenciar o pleito. Para o MP, essas práticas desequilibraram a disputa, em desrespeito à Constituição e à Lei Eleitoral.
Impactos Políticos
Caiado, que finaliza seu segundo mandato como governador e se posiciona como possível candidato à Presidência em 2026, poderá ver seus planos prejudicados, caso a decisão seja mantida. Ele já disputou o cargo de presidente em 1989, mas terminou longe da vitória. A eventual inelegibilidade o afastaria das eleições em um momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro, também inelegível até 2030, está fora do cenário eleitoral direto.
Mabel, por sua vez, venceu o segundo turno das eleições em Goiânia com 55,53% dos votos, superando Fred Rodrigues (PL), candidato apoiado por Bolsonaro. Caso a cassação de seu mandato seja confirmada, uma nova eleição poderá ser convocada.
Defesas e Próximos Passos
As defesas de Caiado e Mabel negam irregularidades, argumentando que os eventos não tiveram caráter eleitoral. Alegam que as ações estavam dentro da legalidade e que irão recorrer para reverter a decisão. A juíza Maria Umbelina Zorzetti, responsável pela liminar, destacou que as provas apresentadas, como fotos e vídeos, demonstram o uso inadequado de bens e recursos públicos para fins eleitorais.
O caso avança com potencial para influenciar não apenas a política local, mas também as articulações nacionais de 2026.