Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo de 15% nos pedidos de demissão, com 6,5 milhões de trabalhadores saindo de seus postos, sendo os jovens de 18 a 24 anos os mais afetados. A mobilidade crescente e o empreendedorismo são fatores chave dessa mudança no mercado de trabalho
Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo no número de pedidos de demissão, atingindo a marca de 6,5 milhões de desligamentos voluntários entre janeiro e setembro. Este número é o maior já registrado nos últimos anos, superando as 5,3 milhões de demissões de 2022 e as 5,6 milhões de 2023. O aumento expressivo de 15% de uma ano para o outro reflete uma mudança de comportamento no mercado de trabalho, especialmente entre os jovens.
Entre os principais responsáveis por esse crescimento estão os jovens de 18 a 24 anos, que representaram quase 30% do total de pedidos de demissão. Esse grupo tem demonstrado maior mobilidade no mercado de trabalho, aproveitando-se da flexibilidade oferecida pelas novas dinâmicas de emprego. Muitos estão optando por trocar de postos de trabalho em busca de melhores salários, condições mais favoráveis ou novos desafios profissionais. Além disso, a busca por maior autonomia, incluindo o aumento do empreendedorismo jovem, também contribui para o movimento de saída das empresas tradicionais.
A pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sugere que essa tendência de aumento de pedidos de demissão reflete não só uma melhor perspectiva de salários e benefícios para os jovens, mas também uma mudança na forma como eles encaram o trabalho. Diferente de gerações anteriores, que tinham uma abordagem mais estável em relação a suas carreiras, os jovens de hoje estão mais dispostos a assumir riscos profissionais, o que se traduz no maior número de demissões voluntárias.
Outro fator que está impulsionando essas demissões é a transformação digital e a inovação, que trouxeram novas oportunidades, especialmente nas áreas de tecnologia, marketing digital e empreendedorismo. As plataformas digitais e os novos modelos de negócios permitem que mais pessoas, principalmente os mais jovens, busquem alternativas fora do modelo tradicional de emprego CLT.
Essa nova dinâmica pode refletir uma mudança estrutural no mercado de trabalho brasileiro, com uma maior busca por flexibilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e o aumento de opções de carreira que não exigem mais a permanência em uma única organização por longos períodos. O comportamento dos trabalhadores, especialmente os mais jovens, está mudando rapidamente, e a forma como as empresas lidam com essas mudanças será um fator crucial para determinar a sua capacidade de atrair e reter talentos no futuro.