Crise no setor de luxo: Após a LVHM apresentar resultados trimestrais abaixo das expectativas, agora é a vez da Kering, dona da Gucci, reportar uma significativa queda nas receitas. As vendas da Gucci diminuíram 25%.
Parece que o setor de luxo está realmente a enfrentar dificuldades. Embora se acredite que o luxo sempre terá demanda, já que os ricos continuam a prosperar – e nunca houve tantos como agora – o mercado de luxo, especialmente o segmento de moda, está a dar sinais de enfraquecimento.
Recentemente, o grupo francês LVHM, proprietário de marcas icônicas como Louis Vuitton e Dior, divulgou resultados abaixo do esperado, e agora a Kering, controladora da Gucci e outras marcas, também decepcionou os investidores.
A LVHM, que em parte pertence ao homem mais rico do mundo, segundo a lista da Forbes de fevereiro de 2024, com uma fortuna de 233 mil milhões de dólares (216 mil milhões de euros) na época – embora Elon Musk tenha agora retomado o primeiro lugar – anunciou uma queda de 3% nas suas receitas no terceiro trimestre.
Essa desaceleração parece estar se espalhando no setor, com a LVMH, um dos principais barômetros do mercado de luxo, a sinalizar uma possível recessão, como a ocorrida em 2008. O mercado chinês foi um dos principais responsáveis por essa retração. A divisão de moda e artigos de couro, que representa cerca de metade das receitas totais da LVHM, foi a mais afetada, com uma queda de aproximadamente 5%. No final de 2023, as receitas ainda haviam crescido 14%, atingindo 93,4 mil milhões de dólares (cerca de 86,3 mil milhões de euros).
Já no primeiro trimestre deste ano, a tendência de queda começou a ser sentida, com uma retração de 3%, seguida por mais 1% no segundo trimestre. O terceiro trimestre confirmou o cenário pessimista, com o mercado do luxo, particularmente o chinês, sendo um dos principais fatores dessa desaceleração.
A Gucci segue o mesmo caminho
O grupo Kering, que também controla marcas como Saint Laurent, Balenciaga e Bottega Veneta, não conseguiu escapar à tendência de queda. As vendas do grupo francês, que totalizaram 3,79 mil milhões de euros, caíram 16% no terceiro trimestre, com a Gucci, sua marca mais importante, sofrendo a maior retração. A marca, que representa metade das vendas e dois terços dos lucros do grupo, foi severamente afetada, e mais uma vez o mercado chinês aparece como um dos responsáveis por essa diminuição nas vendas.
A Kering anunciou que Stefano Cantino assumirá o cargo de CEO em janeiro, substituindo Jean-Francois Palus, que esteve à frente da empresa por vários anos.
Segundo os analistas da plataforma de investimentos online XTB, a Kering previu que seu rendimento para 2024 será o mais baixo dos últimos oito anos, devido à queda acentuada nas vendas da Gucci. Como resultado, o preço das ações da Kering caiu 40% ao longo do ano.
A Kering tem implementado uma reestruturação na Gucci, com mudanças nas equipes de gestão e uma nova direção criativa, liderada por Sabato de Sarno.