Um dia me perguntaram: “Por que a nota de 50 reais tem uma onça-pintada?” Para responder a essa pergunta, é preciso fazer uma viagem no tempo e entender um pouco mais sobre a história da moeda brasileira. Desde o século XVI até os dias atuais, o Brasil já teve nove moedas diferentes.
A primeira foi o Réis (século XVI – 1942), que, até hoje, é a moeda que ficou mais tempo em circulação no país, totalizando 139 anos. Um marco importante nesse período foi a criação da Casa da Moeda em 1694, localizada em Salvador. Antes disso, o dinheiro não era produzido em território brasileiro; depois desse marco, passou a ser cunhado aqui.
A segunda moeda foi o Cruzeiro (1942-1967), criada durante o primeiro governo de Getúlio Vargas com o objetivo de controlar a inflação. Foi a partir do Cruzeiro que foram introduzidos os centavos. Esta foi a primeira mudança oficial de moeda na história do Brasil.
Duas décadas depois, durante a Ditadura Militar, houve uma nova troca: o Cruzeiro Novo (1967-1970). Curiosamente, não foram produzidas cédulas específicas para o Cruzeiro Novo; optou-se por carimbar as cédulas do antigo Cruzeiro. Essa moeda teve um caráter transitório até que as novas cédulas do Cruzeiro ficassem prontas.
Após essa transição, a moeda voltou a se chamar apenas Cruzeiro (1970-1986). Nessa época, foi realizado um concurso para escolher o design das novas cédulas, e o vencedor foi Aloisio Magalhães, que inovou ao criar cédulas de tamanhos variados (quanto maior o valor, maior a cédula).
Nos anos 1980, a inflação voltou a assolar a economia brasileira. E, mais uma vez, o governo decidiu criar uma nova moeda: o Cruzado (1986-1989), que durou apenas três anos.
Como mencionado anteriormente, os anos 1980 foram um período economicamente difícil. Para tentar controlar a situação, o governo introduziu outra nova moeda, o Cruzado Novo (1989-1990), que durou apenas um ano.
Mas a volatilidade econômica persistiu. Assim, o Cruzeiro retornou pela terceira vez na história (1990-1993). Nesse período, foi emitida a nota de maior valor já vista no Brasil: 500 mil cruzeiros.
Entretanto, o Cruzeiro não foi suficiente para estabilizar os preços. Foi então que surgiu o Cruzeiro Real (1993-1994), uma moeda de transição que também teve vida curta.
Finalmente, em uma tentativa de pôr fim à inflação, o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso implementou o Plano Real, que trouxe a estabilidade desejada. Assim, chegamos à nossa nona moeda, o Real (1994 até os dias atuais). Até o momento, o Real é a segunda moeda mais duradoura da história do Brasil. No entanto, isso não significa que ele durará para sempre, já que, desde sua criação, o Real vem se desvalorizando. Isso reflete as dificuldades que nossos governantes têm em lidar com questões financeiras.
Após essa breve viagem no tempo e a revisão das diversas moedas que o Brasil já teve, podemos entender por que esgotamos as imagens de figuras históricas em nossas cédulas. A solução encontrada para o Real foi ilustrar as notas com animais silvestres, como a onça-pintada na nota de 50 reais.
Douglas Washington
Administrador Público, Especialista em Finanças Pessoais, Excelência Operacional e Metodologia Lean. CEO da DW Consultoria, Diretor da Acieg Jovem e Conselheiro Consultivo de Empresas.