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Supersafra e queda do dólar devem aliviar inflação, diz Alexandre Chaia.

Economista avalia que IPCA abaixo da expectativa reduz necessidade de medidas drásticas.

A supersafra agrícola e a recente queda do dólar podem ajudar a conter a inflação no Brasil nos próximos meses. A avaliação é do economista e professor do Insper Alexandre Chaia, que vê sinais positivos para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo ele, o último resultado do indicador ficou ligeiramente abaixo das projeções do mercado, o que reduz a necessidade de medidas mais agressivas para controle da inflação.

A inflação tem sido um dos principais desafios da economia brasileira nos últimos anos. No entanto, fatores externos e internos indicam um cenário mais favorável. A colheita recorde de grãos, especialmente soja e milho, aumenta a oferta de alimentos e contribui para a redução dos preços. Ao mesmo tempo, a valorização do real diante do dólar barateia produtos importados, incluindo insumos agrícolas e combustíveis, que impactam diretamente os custos de produção.

Alívio nos preços dos alimentos e combustíveis

O impacto da supersafra já pode ser sentido em alguns segmentos. Com a maior oferta de produtos no mercado, os preços dos alimentos básicos tendem a se estabilizar ou até cair. Essa dinâmica é essencial para o controle da inflação, já que o setor de alimentos tem grande peso no IPCA.

Além disso, a queda do dólar reduz a pressão sobre os preços dos combustíveis, que têm efeito cascata em toda a economia. Um real mais forte também diminui os custos de importação de fertilizantes e outros insumos agrícolas, contribuindo para uma produção mais barata e, consequentemente, preços menores para o consumidor final.

Inflação sob controle e impactos na política monetária

Com o IPCA abaixo das expectativas, a necessidade de medidas drásticas por parte do Banco Central pode ser menor. Isso abre espaço para uma condução mais suave da política monetária, o que pode favorecer um ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic).

Atualmente, a Selic segue em patamares elevados para conter a inflação, mas uma desaceleração dos preços pode permitir uma flexibilização gradual. Juros menores estimulam o consumo e os investimentos, ajudando a impulsionar o crescimento econômico.

Cenário externo e riscos no horizonte

Apesar do otimismo com a inflação, o economista alerta para possíveis riscos externos que podem afetar esse cenário. A política monetária dos Estados Unidos, por exemplo, ainda gera incertezas. Caso o Federal Reserve (banco central americano) mantenha juros altos por mais tempo, o dólar pode voltar a subir, pressionando os preços internos.

Outro ponto de atenção é o impacto de fatores climáticos sobre a produção agrícola. Embora a supersafra atual tenha ajudado na redução dos preços, eventos climáticos extremos podem comprometer safras futuras e reverter essa tendência.

Mesmo com esses desafios, o momento atual é favorável para o controle da inflação no Brasil. A combinação de oferta elevada de alimentos e um câmbio mais estável pode garantir um alívio nos preços e permitir uma política monetária mais flexível nos próximos meses.

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