Decisão do ministro do STF atende a pedido da Polícia Federal e amplia o escopo do inquérito, que investiga possível esquema de corrupção no tribunal.
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a inclusão de mais um gabinete do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que apura um suposto esquema de venda de sentenças. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (26), atende a um pedido da Polícia Federal (PF), que identificou novos indícios de envolvimento de outros magistrados no caso.
A investigação, que já se arrasta há meses, teve início após a delação premiada de um empresário do setor imobiliário. Segundo ele, decisões judiciais teriam sido negociadas em troca de vantagens financeiras, envolvendo advogados, empresários e membros do Judiciário. O empresário detalhou como intermediários atuavam para influenciar decisões em processos de grande repercussão.
De acordo com a decisão de Zanin, há “elementos concretos que justificam a ampliação das investigações”, com base em provas obtidas em operações anteriores. Entre os materiais analisados estão conversas interceptadas, movimentações bancárias suspeitas e registros de encontros entre os investigados. A inclusão do novo gabinete amplia o escopo da investigação, colocando outros magistrados sob o radar da PF.
Fontes ligadas ao caso afirmam que a decisão de Zanin abre espaço para novas diligências, como o acesso a dados sigilosos, quebra de sigilos bancário e fiscal, e depoimentos de possíveis envolvidos. A Polícia Federal deve aprofundar a análise de documentos e expandir a apuração para outros setores que possam ter sido beneficiados pelo esquema.
O STJ, por meio de nota oficial, informou que “acompanha as investigações com total transparência” e que “se mantém à disposição das autoridades competentes para colaborar no que for necessário”. A Corte reforçou ainda seu compromisso com a integridade e a imparcialidade das decisões judiciais.
Até o momento, nenhum magistrado foi formalmente acusado, mas as investigações indicam que as suspeitas podem atingir diferentes esferas do Judiciário. Especialistas apontam que, caso as denúncias sejam confirmadas, o caso poderá ser um dos mais graves escândalos envolvendo o Poder Judiciário no país.
O Supremo Tribunal Federal segue responsável por conduzir o inquérito, por envolver autoridades com foro privilegiado. A expectativa é que as novas diligências sejam concluídas nos próximos meses, podendo resultar em denúncias formais e, eventualmente, ações penais.
O caso já provoca repercussão em Brasília, com parlamentares cobrando transparência e rigor nas investigações. Organizações da sociedade civil também se manifestaram, pedindo agilidade na apuração dos fatos e punição exemplar para eventuais envolvidos.